Frequentemente sou indagada a respeito de onde estudar Egiptologia no Brasil. Apesar de usarmos o termo "egiptologia", este não é, no Brasil, um campo de estudos constituído, como ocorre no exterior. Não há uma faculdade nem cursos de pós-graduação específicos em Egiptologia em nosso país. Como fazer, então, para se tornar um especialista na área? Não é fácil, mas também não é impossível.
As opções são, sim, escassas, e ainda estamos há anos-luz de distância dos europeus e norte-americanos. Há dificuldades relacionadas ao acesso a materiais de estudo - a esmagadora maioria dos livros e periódicos tem que ser importada, o que leva a uma outra questão: aquele que pretende se especializar em Egito Antigo deve, imperativamente, ter conhecimento de uma língua estrangeira, de preferência inglês e/ou francês. O alemão também é uma ferramenta importante. Estudar a língua dos egípcios antigos (que possui vários estágios) é uma tarefa praticamente impossível de ser feita sozinho e somente a Universidade Federal Fluminense, em Niterói, oferece curso básico de egípcio médio e, mesmo assim, somente para a pós-graduação.
Apesar das dificuldades, o número de especialistas em Egito antigo vem aumentando nos últimos anos, e já é possível encontrar produções de qualidade sobre variados aspectos dessa civilização tão fascinante.
O caminho das pedras inicia-se, geralmente, através de uma graduação em História ou Arqueologia. Nesse caso, o estudante pode voltar sua formação (caso exista essa possibilidade na instituição da qual faz parte) para disciplinas optativas de História Antiga. Infelizmente, a maioria das universidades não oferece disciplinas específicas sobre Egito Antigo, salvo exceções, como a Universidade Federal Fluminense e a PUC do Rio Grande do Sul. Eu mesma enfrentei esse problema já que, onde cursei a graduação em História (UFPR), não havia especialistas em Oriente Antigo. Como meu interesse no Egito antigo sempre foi muito forte, a solução foi buscar por conta própria bibliografia sobre o tema e contatar profissionais que já haviam terminado pós-graduação na área para pedir sugestões iniciais de leitura.
Após a graduação, a saída é procurar um mestrado/doutorado. Conforme dito anteriormente, não há nenhum curso específico em Egiptologia, mas há cursos que oferecem disciplinas na área, permitindo que os estudantes possam aperfeiçoar a sua formação. As opções se concentram no eixo Rio-São Paulo:
Rio de Janeiro:
- Museu Nacional do Rio de Janeiro (UFRJ): Sob a orientação do Professor Antônio Brancaglion Jr., é possível realizar um mestrado em Arqueologia, com ênfase em Arqueologia Egípcia.
- Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ): Coordenado pela professora Maria Regina Cândido, o Núcleo de Estudos de História Antiga (NEA), oferece periodicamente cursos de especialização em História Antiga.
Niterói:
- Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF): a universidade conta com o Professor Ciro Flamarion Cardoso, renomado especialista em Egito Antigo, e é a única a oferecer curso de língua egípcia (egípcio médio) em sua grade de disciplinas.
São Paulo:
- Universidade de Campinas (UNICAMP): O professor Pedro Paulo Funari, especialista em Roma, orienta estudos sobre Egito greco-romano na linha de História Cultural.
- Universidade de São Paulo (USP): Nessa universidade, há a possibilidade de realizar uma pós-graduação em História ou, então, em Arqueologia. Na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, o assiriólogo Marcelo Rede orienta trabalhos na área de História Antiga. A especialização em Arqueologia pode ser feita no MAE (Museu de Arqueologia e Etnografia) onde, inclusive, há uma coleção egípcia, com peças originais.
Curitiba:
- O professor Moacir Elias Santos oferece, periodicamente, curso de pós-graduação (especialização) em História Antiga.
Porto Alegre:
- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS): nessa universidade é possível realizar pós-graduação em Egiptomania (usos e re-interpretações de traços da cultura egípcia antiga no mundo moderno e contemporâneo) sob a orientação da Professora Margareth Bakos.